17 fevereiro 2009

Pegar o microfone e falar o que quiser: uma vitória por meio da democracia


Em uma madrugada de domingo para segunda, em frente ao computador. No quarto. Vertendo suor. Olho para a pilha de cds e vejo um que não mais o percebia no meio da minha coleção. Não o escutava há anos. Penso que desde a época de seu lançamento – 2000. Brotou uma vontade de relembrar essa obra. Então, deparei-me com um álbum excelente, com uma riqueza de sons impressionante.

Além da proposta principal: a mistura revolucionária de rock com rap; neste trabalho, o penúltimo da banda, A invasão do sagaz homem fumaça, uma amálgama de instrumentos aparece nas músicas: flauta, cuíca, bongô, entre outros que minha intuição não decifrou. Claro que esse disco induziu-me a escutar os outros trabalhos.

Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga. Esse é o neologismo que inventaram para se auto-rotularem. Uma inovação abalou o começo da década de 90. A aparição desse grupo no cenário musical foi um baque cultural de grande proporção. Um assunto principal e polêmico norteava as canções: a maconha.

Ao digitar essa palavra, vocês já devem ter chegado à conclusão sobre quem estou referindo-me. São eles mesmos. o Planet Hemp. A banda nasceu na zona sul do Rio de Janeiro, em 1993, da amizade de Marcelo D2 e Skunk; este que morreu precocemente, antes mesmo da banda atingir a fama. Poucos meses depois do lançamento do primeiro álbum, Usuário, em 1996, a banda tornou-se o centro das atenções no “mundo” cultural nacional.

Ao falar normalmente sobre maconha nas canções, liberdade impossível e inimaginável na época da ditadura, o grupo ganhou notoriedade entre os jovens e o ódio dos mais antigos e conservadores. Vistos como polêmicos foram acusados de fazerem apologia ao uso da erva e foram presos, por quatro dias, no auge do sucesso. O que ajudou a banda mais ainda ao exibicionismo. Na época, Mantenha o respeito e Queimando tudo, viraram hinos para a juventude. Os acordes iniciais da primeira são, até hoje, uma das primeiras lições para aprendizes de violão.

“A banda que você acabou de ouvir é um ponto de interrogação na testa do rock mundial.
Afinal de contas, este som e esta voz lembram um grupo que virou lenda.
A banda que você ouviu, explodiu graças a uma overdose de: maconha. Esta banda chama-se: Planet Hemp.
E em menos de seis meses, já conta com o reconhecimento absoluto da crítica e do público em todo o mundo. Qualquer dúvida, confia. Ouça de novo: fazendo sua cabeça! E deixe os ouvintes chapados!
De novo: chapados. De novo: chapados. Muito relaxado”.
(Trecho extraído da faixa “Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga”, 2000)


Lembro-me da primeira vez que escutei Planet Hemp, a qualidade e o bombardeio de rimas misturadas com rock me fascinaram. Simplesmente era diferente de tudo que existia.

Pena que depois de quatro discos, três deles de estúdio e o último ao vivo, a banda acabou. Cada um seguiu novos rumos musicais, todos bem-aventurados independentes, principalmente Marcelo D2, que agora goza de uma carreira solo de sucesso, merecidamente. Visto que deposita, e muito bem, sua criatividade no samba-rap.

Bem que os integrantes da extinta Planet Hemp, podiam aproveitar dessa moda de reencontros de grupos que acabaram e voltarem de uma vez. Porque, tenho certeza, que eles deixaram muitos fãs órfãos. E a música está precisando deles de novo, ainda mais agora com a invasão dos ditos emos. Precisam voltar, e nos presentearem novamente com a originalidade musical do rapcore e com letras contestadoras – a maior virtude do conjunto.

11 fevereiro 2009

Refugiar-se é preciso!

Aconchego e serenidade. É o que o hotel-fazenda Três Cascatas oferece, e muito bem, aos seus hóspedes. Situado à oito quilômetros de Santo Cristo, na região missioneira do Estado; possui piscinas com altos tobogãs, no entanto, não muito adequados para pessoas fora do seu peso; campo de futebol, um rio para pesca... É possível também dar passeios a cavalo, trilhas ao encontro das cascatas, caminhadas, entre outras atividades que se possa inventar. Além do hotel, há área para camping e cabanas para pousada.

No veraneio é mais visitado pelos moradores das cidades vizinhas e até por nossos hermanos argentinos. Excursões também costumam aparecer, em menor proporção.

Recomendável para casais, pois tem quartos simples e confortáveis. E por ser mais tranqüilo sonoramente, diferente do parque Lago Azul localizado dentro do município de Santo Cristo, que costuma ser mais agitado pela quantidade de piscinas e artifícios aquáticos.

Apesar do sossego do Três Cascatas, não é exclusa a possibilidade de a juventude solteira usufruir de uma grande área para barracas; com uma boa estrutura de sobrevivência para tal finalidade, e acampar com um grupo de amigos dispostos a fazer muita farra.

A propósito, as três cascatas existem. Pena que você pode se deparar com elas secas ou com pouca água, devido a estiagem comum nessa época do ano. Na sua normalidade o comentário é de que são lindas.

A receptividade e o atendimento são excelentes, a comida é boa e a cerveja é gelada sempre, o maior mérito. O pico de movimentação se dá nos finais de semana, quando as piscinas lotam de mulheres bonitas. Loiras, na sua predominância. Visão que deixa qualquer homem descompromissado inquieto.

Para quem vai passar boa parte das férias no hotel-fazenda sente falta de uma programação mais voltada para a noite... Um baile ou até uma música ao vivo no restaurante. Realmente, é a paz que reina no local. Os amantes de uma boa leitura na sombra de uma árvore, somente ao som do canto dos pássaros, irão gostar.

Um ambiente bucólico... Muito verde, e que proporciona bons sonos. Ideal para fugir do barulho e da correria urbana.

Lá, sentado em uma cadeira na beira da piscina; contemplando as árvores enormes ao redor e o vento batendo no corpo; pode-se, então, suspirar: - Aiai! Que vida boa!












05 fevereiro 2009

Tortura musical: ninguém merece!

A notícia de que militares americanos estavam usando músicas populares para torturar os prisioneiros de Guantânamo, que será fechada até o próximo ano por decreto de Obama, deixa os artistas feridos, indignados... Realmente furiosos. Obviamente.

Canções de bandas diga-se “pesadas”, como Nine Inch Nails, Metallica e AC/DC eram executadas infindávelmente na prisão, penetrando como se fossem sons aterrorizantes de gritos e grunhidos nos tímpanos dos torturados. Enlouquecendo-os. Enquanto o som tocava os soldados batiam sorrindo, descarregando suas maldades e iras interiores. Multiplicando, assim, o sofrimento.

Bee Gees, Queen, o hino ufanista de Bruce Springsteen, Born in the U.S.A e a obra completa da Britney Spears também eram usadas como castigos pelos sádicos.

Imagina terem que escutar parte do dia sem interrupção, Stayin' Alive dos vozes finas do Bee Gees, ou se verem obrigados a ouvir uma música que exalta as virtudes americanas, sendo de outra nacionalidade e cultura? É de arrancar qualquer confissão que se queira.

Os artistas endinheirados sentiram-se atingidos. Não imaginaram que seus filhos artísticos seriam usados para tal crueldade (que remete à técnica Ludovico escrita por Anthony Burguess em Laranja Mecânica). Decidiram, então, levantarem as bundas de suas poltronas caras e abrirem processos contra o governo americano. Boa estratégia para mais uma bola fora do “adorado” Sr. Bush. As indenizações, declararam, que serão doadas a instituições de direitos humanos.

Uma atitude esperada. Pois a música não existe para tal finalidade: lavagem cerebral. Nem mesmo aquelas que tratam de assuntos obscuros. É o preço que se paga pelo poder simbólico que ela exerce. Corre-se o risco de mentes perturbadoras às usufruírem da pior maneira possível.

03 fevereiro 2009

Viagem repleta de adjetivos

Uma formatura excepcional. Astral altíssimo. Recepção tranqüila... Regada a muita cerveja gelada, mulheres produzidas, comida divina e carinho verdadeiro. Parabéns Nereu! Iluminado! Gremistão! Tua noite não teve fim enquanto durou. Não tivemos vontade do outro dia durante a festa.

Até um encontro inesperado rolou. Bate papo musical extremamente produtivo com um integrante da Vera Loca. Banda de rock and roll revelação do Estado.

A companhia nova foi divertidíssima. Duas pessoas agradáveis. Gostos musicais similares ao do motorista. Duas ou três palavras foram o necessário para a conversa parecer como se fosse de amigos de longa data. Sensação de serenidade. Mininoooo!!

A estadia não poderia ser mais adequada. Apartamento de um irmão. Não do mesmo sangue, mas como se fosse, devido a tanto entendimento recíproco. Chega a dar um aperto no coração.

O resultado da viagem à boca do monte: participação em muitas situações únicas de tão engraçadas. Gargalhadas em excesso. Euforia é a palavra certa para descrever a loucura benéfica vivida.
Dentre as inúmeras expressões de personagens santa-marienses testemunhadas pelo grupo, destaco as pérolas e mais jocosas:

“Não! O carro não era preto. Preto é uma qualificação para escuro.” Feliz, tatuador.

“Mas o Corinthias esse ano vai incomodar, porque eles têm o cara: o Fenônemo” Coloradinho do 24 horas.

“Até tu provar pro cara, que bolacha maria não têm quatro canto...”. Anônimo, dono da C10 velha com motor de D20.

“Ela começou a fumar? Então expiroquiou total”. Motorista do carro da viagem.

Cada um que parece dois!
Ótimo desvio de rotina. Um fim de semana bom e diferente. Satisfeito.