03 novembro 2011

A sonoridade de uma hipnose

No último banco do ônibus de linha, à noite, no escuro total; via somente o céu cinza contrastado com os campos inteiramente plantados. Fazia pela incontável vez o trajeto Itaqui-São Borja. Não costumava viajar no das nove e quinze da noite. Os passageiros eram poucos. O silencio era gritante e só se ouvia o barulho do motor. Nem mesmo as luzes dos números dos assentos estavam acesas.

Por menores à parte o importante foi o fato de que pela primeira vez fiz a viagem hipnotizado, através da janela, pela paisagem soturna da noite. Durante pouco mais de uma hora raramente tirei o olho da estrada e seus sinais momentâneos de veículos.

Como de costume, os fones de ouvidos estavam enfiados nas orelhas reproduzindo no volume máximo um trash metal furioso. A banda que tocava no celular era Anthrax e o álbum Amog the living, uma obra de muita qualidade do metal dos anos 1980.

É espantoso como a música, às vezes, se encaixa perfeitamente na situação. Não em termos de letra, mas sim de melodia. Aquele conjunto instrumental veloz traduzia o momento de privacidade e escuridão.

07/08/2010

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