24 dezembro 2011

Marcelo Oliveira: de ignorado a admirado



Certa ocasião vi um cd na casa de um companheiro de um tal de Marcelo Oliveira. O amigo me olhou e perguntou:

- Tu já ouviu Marcelo Oliveira? 

Eu, com o álbum do artista nas mãos, respondi: 

- Não.

Pensei... Deve ser só mais outro cantor de música gaúcha dentre tantos que têm aparecido. Não me interessei e me esqueci deste nome. 

O tempo passou e ao ouvir pela primeira vez o álbum “Sensitivo” de Luiz Marenco escutei uma voz diferente em duas faixas: “Comparsão de Janeiro” e “De Alma, Campo e Silêncio”. Fui direto ao encarte e deparei-me com o nome Marcelo Oliveira. Então o inconsciente se fez presente e lembrei-me daquela passagem.

Como de costume fui me aprofundar em seu trabalho. Pesquisei, escutei, vi e senti sua voz e interpretações. Percebi que Marcelo Oliveira canta com a alma. Assim como a escola antiga de músicos nativistas consagrados - detentores de prêmios e conhecidos dos apaixonados por esse folclore - cantavam. Lembrando Leopoldo Rassier, César Passarinho – principalmente - e inúmeros outros que não cito por questões de preferencia. Nesta nova geração inaugurada por Luiz Marenco que menciono Marcelo Oliveira. A sua característica de fechar os olhos ao cantar, o esforço que faz na voz ao pronunciar as palavras. Todos esses sinais corporais em conjunto com o sentimentalismo de suas letras nos faz perceber que tira da profundeza de sua alma, a vontade, o respeito e a emoção de passar a paixão por sua terra e a identidade do seu povo, especialmente daqueles “que vivem dos arreios”. 

Assim como Lambari, Marcelo Oliveira parece se sentir mais confortável nas harmonias melancólicas. E é justamente nessa proposta que transparece seu dom como cantor e compositor. Sua obra, até o momento, é composta de quatro álbuns: Campo e Luz (2005), No Passo do Tempo (2006) Rincão da Alma (2008) – do qual a música título é a sua gravação para a letra do são-borjense Rodrigo Bauer -, e o recente Tempo Escrito (2010). Todos contêm letras de grande inspiração, ao ponto de utilizar metáforas criativas como, só para citar algumas: “... lacrimar na garganta”, “... memorial das retinas”, “Em cada campo que leio encontro a bíblia da calma” e “... acendo a vela da alma no castiçal dos arreios”. 

São tantas as suas interpretações que se destacam em cada álbum, que ficaria um tanto prolixo mencioná-las todas aqui. Indico apenas alguns dos seus vídeos disponíveis na internet, que são: “No Passo do Tempo”, “Morada”, “Me Procurando”, e “De Alma, Campo e Silêncio”. Nesses já dá para sentir sua total entrega ao apresentar-se.


05/09/2011

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