17 março 2012

O adeus de mais um ícone

 
Infelizmente, me sinto na obrigação de escrever sobre mais uma partida irretornável de um homem e artista da nossa música nativista gaúcha. No dia 12 do último dezembro, aos 63 anos, morreu em Porto Alegre, o cantor José Cláudio Machado. Vitimado pelos prazeres dos excessos com álcool e fumo. Um enfisema pulmonar o pealou.

Também compositor e gaiteiro, o tapense José Claudio Machado começou sua trajetória consagrada ao compor em parceria com Claudio Boeira Garcia o clássico Pedro Guará, que ergueu a Calhandra de Ouro na segunda edição da Califórnia da Canção Nativa, em 1972. Na mesma década fez parte do grupo Os Teatinos, junto com Glênio Fagundes, Paulo Portela Fagundes e Marco Aurélio Campos. Com eles, gravou dois álbuns riquíssimos e notórios do folclore gaúcho: o Telurismo I e II. Chegou a participar e gravar também por um período com o conjunto Os Serranos e foi parceiro do pajador Jayme Caetano Braun.

Mas, seu reconhecimento mesmo veio ao interpretar versos de Mauro Moraes, que viriam a ser alguns dos seus maiores sucessos, como Lástima, Fulanos e Sicranos, e Milonga Abaixo de Mau Tempo. Machado eternizou em canção essas poesias. Assim também, como: Chasque Para Dom Munhoz, de Airton Pimentel e Campesino de letra de José Theodoro dos Santos Jr.

Deixou de legado 14 álbuns com a sua maior marca: a voz. Dentre esses trabalhos, dois são obras interessantes para qualquer entusiasta da música gaúcha: as parcerias com Bebeto Alves em Milongueando Uns Troços (1993); e com Luiz Marenco em De Bota e Bombacha (2001).

Foram quatro décadas dedicadas à arte gaúcha. O corpo vai, mas o espírito fica em suas músicas, em imagens como a do braço erguido com um pala de seda atado ao punho cantando “São gritos de bamo-cavalo, toca toca, êra êra...” da famosa Pêlos no programa Galpão Crioulo, debaixo da figueira conversando antes de interpretar Milonga Abaixo de Mau Tempo. Enfim, um artista que com o seu cantar galponeiro deixou uma marca singular e eterna encravada no cancioneiro regional gaúcho.

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