21 março 2014

Rock Gaúcho: bandas novas que valem a pena - El Negro

Antes do novo milênio ainda estávamos atrelados nos resquícios da explosão cultural e criativa do rotulado rock gaúcho dos anos 1980 e 1990. Quando houve grupos baluartes que tremularam a bandeira do rock feito no Rio Grande do Sul para além do estado, como: Os Cascavelletes, TNT, Garotos da Rua, Os Replicantes, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Garaforréia Xilarmônica. Ainda é muito presente a importância e influência daquele tempo atualmente. Mas, talvez, a mais nova efervescência do rock gaúcho está acontecendo desde o começo dos anos 2000. Uma renovação constante desse catálogo vem ocorrendo com produções de qualidade no panorama atual.

Uma nova cena de bandas emergiu. Alavancadas por inúmeros festivais independentes como, só para citar dois expressivos: Macondo Circus e Morrostock. São novas cabeças que vem digerindo todo cabedal de referencias que possuem do rock mundial e daquele feito aqui para mostrar novos rebentos e experimentações. Trazem-nos o rock gaúcho contemporâneo.

Estamos em 2014 e em cinco textos trarei cinco promessas talentosíssimas que merecem serem escutadas e reconhecidas. A primeira é:

EL NEGRO


Trio formado em 2012 na capital gaúcha por músicos já experientes de estrada: Mumu (Vera Loca) aqui no vocal e na guitarra, Fabian Steinert (Wishcraftt) no baixo e Leandro Schirmer (Nei Van Sória, ex-Vera Loca) na bateria.

O projeto El Negro é de se arrebatar na primeira escutada. Para quem gosta daqueles power trios obscuros dos anos 1970 vai se deliciar.  Fazem um hard setentista garageiro, orgânico e raivoso. Totalmente diferente do estilo das atuais bandas dos integrantes.

Mumu nos mostra que não é somente um bom baixista, mas sim um músico cheio de potencial. É o carro chefe da El Negro, sua guitarra é que conduz a sonoridade da banda, calcada num concreto de riffs viscerais. Leandro Schirmer nem parece aquele baterista calmo do inicio da Vera Loca. Na El Negro bate muito mais forte e seguro, com uma pegada e viradas pendendo para o metal. E Fabian conduz no limite a cozinha da banda no baixo.

Ao escutar percebe-se a referencia de uma aura Hard Blues setentista e de um Stoner Rock desértico dos anos 1990. Notam-se também vestígios de Jon Spencer Blues Explosion, The Racounters, Wolfmother em certas passagens. Mumu agrega também o Lap Steel para aprimorar o trabalho da banda. Outra influencia congruente dos integrantes é o gosto dos filmes Exploitation, que converge a uma sonoridade que pode ser pensada como trilha para esse movimento cinematográfico.

A banda gravou ao vivo as músicas para o primeiro álbum e soltou o primeiro single e videoclipe da faixa “Pé no Talo”, que resume a proposta do som da El Negro. Para contribuir com o clima pretendido, o registro se deu em uma fábrica desativada de Porto Alegre; aproveitando os reverbs do ambiente amplo. O lugar pode ser visto no clipe da música lançada.

A expectativa é grande para a finalização do disco inteiro que foi mixado por Ray Z e masterizado por Jim Diamond (co-produtor do primeiro álbum do The White Stripes). Espera-se que até o final do ano esteja nas nossas coleções. Escute pra sentir.


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