Na seara vasta dos estilos de se fazer rock, a que
sempre me fascinou mais são os power-trios. É o rock puro. Direto. Baixo,
bateria e guitarra. Sem frescuras e enfeites sonoros. É o “simples” essencial.
É a porrada comendo solta mesmo. Harmonia pesada e simétrica da cozinha com
riffs que complementam. Com direito a viradas de bateria e grooves de baixo.
Sonoridade densa e veloz, como uma manada de búfalos
descendo uma ladeira e levantando poeira. Essa é a sensação de escutar um bom
Hard de três integrantes, principalmente dos anos 1970. De Cream, Jimi Hendrix Experience e Blue Cheer à Grand
Funk Railroad, Mountain, Trapeze, Budgie e Beck Bogart & Appice. E
aqui na América do Sul de Pappo’s Blues, Aeroblus à Vox Dei e Color Humano.
No trio não há espaço para fingimento. Não há o que
esconder. Ou se sabe tocar muito bem ou desmorona. Não há liga. São poucas as
bandas que sincronizam e são criativas em forma de tríade. São únicos em seus
instrumentos e há um acumulo de tarefas no que toca e canta que demanda dom e
muita sensibilidade.
Aqui no Rio Grande do Sul tem um grupo que faz esse
tipo de som e que se encaixa perfeitamente nessas propriedades. É a RINOCERONTE.
Banda de Santa Maria que nos remete à esse Hard setentista pegado de três
músicos.
A banda é formada por Paulo Noronha (voz e
guitarra), Vinicius Brum (baixo e voz) e ‘Alemão’ Luis Henrique (na bateria).
Formada em 2007, já lançaram dois discos completos (Nasceu -2010 e O
Instinto-2013) e rodaram o Brasil em muitos festivais independentes.
Possui uma sonoridade coesa, pesada, com flertes a
stoner, e uma performance empolgante. Letras inteligentes e em português. Rinoceronte
não é mais promessa. É uma das melhores bandas do modo power-trio do país. Os
caras arrebentam com tudo! Pra quem gosta de rock com tutano é indispensável.