Dos tantos
nomes de pompa que fizeram historia na MPB o meu preferido sempre será o Milton
Nascimento. O Milton é único. Sua voz tem uma potencia inexplicável. Uma
tessitura mista de grave e agudo. Elis Regina sentiu sua natureza e definiu
perfeitamente a sensação na frase: “Se Deus cantasse, seria com a voz de
Milton”. Ao ouvir os seus falsetes escutamos algo como um coro de anjos. É
inconfundível e de pouquíssimas referencias.
O Bituca é a
música brasileira e latina em pessoa. Desde seu surgimento com o Clube da
Esquina, - o movimento mais rico da nossa música – até hoje, sua presença
apesar de rara me cativa. Sua música tem cheiro de terra, como disse Ruy
Guerra.
Basta
escutar seus hinos clássicos, como: Travessia, Cais, Canção do Sal, Tudo que
Você Podia Ser, Nada Será como Antes, Coração de Estudante, Nos Bailes da Vida,
Para Lennon e McCartney, Clube da Esquina nº2, Carta para River Phoenix; e
todas as outras. Milton tem a magia de transformar a música em rito.
Milton
deveria ser sempre jovem com aquela sua boina característica. É daqueles
artistas que gostaríamos que ficassem aqui para sempre, nos encantando com suas
composições além-território.
Um sujeito
místico e enigmático. Humano, humilde e discreto.
Sempre me
emociono quando ouço Milton. E tenho certeza que vou escutá-lo por toda a vida.
Quando o Milton morrer vou sentir muito. Tomara que essa notícia demore a chegar.
Experimente escutar sua arte com atenção. Vai
entender que essa reverência não é exagero.
Frank é um filme genial. Um tratado de paixão pela música.
Do amor da arte pela arte, e não pela fama e dinheiro. Para a maioria:
esquisito. Mas para os desajustados: brilhante. Frank com sua máscara de fuga. Uma imagem
impactante, que mescla comicidade e aflição.
Tem tudo para ser cultuado. Personagens insanos, com atitudes
incomuns. Atuações primorosas, especialmente de Michael Fassbender.
Os que se identificaram captarão a mensagem. E dá uma
vontade de se esconder numa carapuça dessas. Não é verdade?